Nova música e clipe de Anitta: Vai Malandra
https://www.youtube.com/watch?v=kDhptBT_-VI
Retornamos
ao tempo em que o meio mais eficaz de se lançar música é através de Vídeo
Clipe. Após o auge da MTV, quando os clipes tiveram muita importância, somente
agora (há alguns anos) eles voltam a ganhar relevância no meio musical mundial.
Suponho
eu que isso acontece porque as principais redes sociais atuais – instrumentos
de comunicação direta entre artistas e público – são muito mais afeitas a
imagem e vídeo do que a som e áudio. Além do Youtube propriamente dito,
Facebook, Twitter e Instagram têm ferramentas para postagem de vídeo e, pelo
que eu sei, não contam com nada apenas para áudio. Me corrijam se estiver
equivocado nesse ponto.
E aí
incorremos num primeiro problema quando o clipe ganha tamanho destaque: muitas
vezes ele tem mais projeção do que a música. No auge da MTV isso acontecia e agora
volta a acontecer: o vídeo clipe tem tanta ou mais importância que a música.
Quase
toda a extraordinária repercussão que o lançamento de Anitta teve na mídia se
refere mais ao clipe do que à música em si. A estética, o cenário, a
fotografia, o conteúdo. Os comentários são em primeiro lugar ao vídeo. A
música, e seus elementos como arranjo, letra, melodia, ritmo ficaram em segundo
plano.
Natural
que em tempos tão áudio visuais seja assim. Mas para artistas de música esse dado me parece um tanto
quanto perigoso. Pode-se se perder no caminho.
Os
comentários que surgiram em torno do clipe destacam dois elementos
preponderantes: o primeiro é que toda estética e cenário do clipe acontece numa
favela. Seria um fator positivo explorar o lugar real onde o funk nasceu, é
produzido e ressoa. O outro ponto que fica em grande evidência é o teor sexual
do vídeo e a exploração do corpo da mulher como objeto.
E é
aí que as cantoras mais importantes da música popular do Brasil estão
derrapando. Num momento em que é tão importante ter discurso, se posicionar,
levantar bandeiras, uma artista com Anitta poderia chamar atenção de uma forma
mais impactante. Com letras fortes e estética idem.
Por
exemplo: nesse clipe em questão, a primeira cena é uma bunda em close vestida
num shortinho micro. Ganhou aplausos pelo fato da bunda assumir suas celulites,
sem qualquer correção de efeitos especiais. Ora... Este poderia ser o mote da
letra e no qual o clipe poderia se basear. Uma letra que reclamasse da
exigência da perfeição feminina.
Anitta
já faz um trabalho nesse sentido ao utilizar dançarinas de padrões estéticos
variados. É uma postura. É um posicionamento. Por que não trazer isso para as
letras? Existem diversas formas de colocar esse discurso em letras: mais
explicitamente, mais disfarçadamente. Esse é o tesão da música popular! A
letra! O discurso! Se não, vamos fazer apenas música instrumental.
Infelizmente
a letra de VAI MALANDRA é mais uma que fala em “bumbum”, “quicar até o chão”,
“desce”, “rebola gostoso”, “empino”, “não vou parar, cê não vai aguentar”...
Poxa...
daria pra fazer tanta coisa mais inteligente e ao mesmo tempo comercial. Usando
os mesmo elementos. Mas de forma irônica, por exemplo.
Enfim...
Anitta é hoje a artista pop mais importante do país superando Ivete (outra,
cujas letras não dizem... nada!!!), e vem trilhando um caminho bem competente
no que tange o crescimento da repercussão de sua carreira. Suas dançarinas de
perfis variados e o close da bunda com celulite de seu mais novo clipe
demonstram que ela tem vontade de chamar atenção para algumas questões. Ela
quer dizer algo. Tenho impressão que logo logo assumirá o seu discurso também
nas letras. Vamos observar.
Em
tempo: existem muitas artistas adotando discursos no trabalho como um todo
(letra/arranjo/clipe). E começam a ganhar cada vez mais projeção. Me vem à
cabeça logo de cara Karol Conká, nacionalmente e Larissa Luz, mais localmente.
Meu canal no youtube: https://www.youtube.com/watch?v=-I1nRS__gvA
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