Bolsonaro na prática


“Temos que promover o encarceramento em massa. Se não tem presídio suficiente, construímos mais”.

Nossos presídios já são ambientes bastante insalubres. Não me parece uma divagação distante imaginar que novos espaços não muito diferentes de campos de concentração sejam criados para dar conta desse encarceramento. Não me parece muito distante imaginar que serão levados para esses espaços, sob o argumento da tolerância zero, desde pivetes que cometeram pequenos furtos, os chamados aviõeszinhos que levam pequenas quantidades de drogas, a assassinos perigosos.

Não me parece distante descobrir depois de 10 anos, que houve uma série de execuções naqueles espaços

Lembrem-se das declarações do candidato sobre o presídio de Pedrinhas, no Maranhão;


“Temos que proteger as crianças, a família e Deus”.

Vi um filme sobre o nascimento do nazismo alemão, em que a polícia nazista entra num clube de música e dança de suingue (suingue - ritmo musical, não a troca de casais) e começa a revistar, prender e espancar os jovens. O suingue, por ser uma música estrangeira, produzida por negros, era considerada subversiva.

Já existe uma intolerância no Brasil com a produção de cultura e arte moderna. Há repulsa a leis que promovem cultura e exigência de censura a exposições artísticas. Condenam as cenas de casais gays nas novelas. O funk já é alvo de repressão pelas suas letras com conteúdo sexual explícito.

Não me parece distante que na nossa versão tupiniquim, a polícia invada festas de reggae onde o consumo de maconha é relativamente tolerado, e passe a agir com truculência para revistar e prender qualquer um que porte um baseado. Não me parece distante que saia alguma lei censurando letras com conteúdo pornográfico e que bailes funks sejam invadidos e repreendidos sob o argumento de proteção dos bons costumes e para combater o consumo de drogas;


Também não me parece distante que a polícia comece a recriminar gays que se mostrem em espaços públicos explicitamente ou que a polícia seja condescendente com jovens que sacaneiem ou espanquem gays.


Não me parece irreal que o Brasil apoie os EUA e participe de uma ofensiva militar contra a Venezuela.


Todas as situações acima teriam seu apoio ou o apoio de alguém que você conhece.


Todas as situações acima são adaptações para nossa realidade prática do que aconteceu em regimes fascistas.

Quando a gente pensa em fascismo projeta uma imagem do final do processo, com todas suas consequências identificadas e analisadas. Mas aconteceu aos poucos e com apoio de grande parte da população.


Sim, estamos vivendo hoje no Brasil o nascimento real de um movimento fascista.

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