20. Sobre o Natal


Uma vez por ano
Somos levados a quebrar
O ritmo do dia a dia insano
Uma mudança de clima no ar
 
Uma vez por ano
Celebramos o amor e a paz
Relevamos erros e danos
Deixamos rusgas pra trás 

Uma vez por ano
Levados pela liturgia
Partilham gregos e troianos
Uma mensagem de harmonia
 
 Ao menos uma vez por ano
É necessário e essencial
Lembrarmos que somos humanos
Desejarmos Feliz Natal!
 
Alguns textos sobre o Natal que tenho lido nos últimos dias têm tentado fazer uma reflexão diferente sobre a data, talvez pela pretensão de seus autores de não escreverem nada clichê sobre o assunto. A reflexão quase sempre parte para acolher aqueles que não se sentem à vontade nessa época; para aqueles que se sentem meio peixe fora d´água em meio ao clima de celebração geral. Argumentam que essa atmosfera natalina que respiramos tem um aroma falso, artificial e de incentivo a um consumismo exagerado e fútil que nem todos precisam compartilhar. Questionam porque temos que nos submeter aos tapinhas nas costas de colegas de trabalho que não simpatizamos e aos sorrisos de parentes que mal nos cumprimentam ao longo do ano.

Entendo a reflexão, mas não compactuo com ela. E cabe o registro de que essa abordagem dos que querem remar contra a corrente já começa a soar clichê também.

O ser humano tem necessidade de se organizar através de ciclos. Ciclo das safras das plantações, ciclo da terra em volta de si mesma, ciclo das estações do ano e da volta da terra ao redor do Sol.

E a cada ciclo de um ano, existem datas marcantes, que têm uma razão de ser. A virada do ano traz inevitavelmente um balanço do ano que está findando, uma análise de tudo que deu certo e do que a gente pretende melhorar ou alcançar. A cada aniversário também ocorre quase inconscientemente uma olhada para dentro mais apurada. Da mesma forma, a cada Natal, é importante nos submetermos a certos rituais e reflexões.

Pois para mim, não há nada mais necessário do que um momento que se repita anualmente, para que vivenciemos um ambiente que incentive uma mensagem de paz e uma atitude de solidariedade, nessa vida louca que fomos levados a viver no cotidiano. Um momento para encontrarmos aqueles que não tivemos oportunidade (ou saco) para ver durante o ano; tempo de desejar o bem para o colega, parente, vizinho...

E se este ano não estivermos muito no clima? E se estivermos meio intolerantes com shoppings cheios, reuniões de família e enfeites de Papai Noel? Paciência!

Viver essa celebração coletiva em prol de uma harmonia maior entre as pessoas é, no mínimo, nossa obrigação anual, pois talvez o clima natalino apareça todo ano justamente para tocar aqueles que não estão no clima. Essas talvez sejam as pessoas mais adequadas para receber de forma abrupta e compulsória uma rajada de sorrisos, abraços, tapinhas nas costas e presentes.

Ah, mas o colega de trabalho que desejou “feliz natal” é um egoísta traiçoeiro no dia a dia? A parente de sorriso forçado que será aturada na ceia de Natal, foi uma sacana quando você precisou dela no início do ano? Faz parte!

Porque celebrar a paz entre aqueles que temos mais afinidade e afeto é muito fácil, é tarefa para o dia a dia. Uma vez por ano, pelo menos, temos é que confraternizar também com aqueles a quem somos distantes, indiferentes, ou antipáticos. Esse é o desafio! Essa é a mensagem de paz!

Não custa nunca lembrar uma frase do Humberto Gessinger que gosto muito: “a diferença é o que temos em comum”.

Então para todos que passaram por aqui, amigos, parceiros, parentes, conhecidos, desafetos (será que existe algum?), desejo, de coração, paz de espírito, saúde física e prosperidade.

Feliz Natal!

Hugo

PS: A música de dezembro ficou para o último texto do ano, quarta-feira que vem. Ela se chama “Óculos Escudos”.

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