PORQUE LULA SERÁ CONDENADO DIA 24 DE JANEIRO
Tudo
indica que Lula será condenado no dia 24 de janeiro. E o motivo dessa
condenação é muito claro.
Lula
não será condenado porque aceitou como propina da OAS um apartamento, ou pelos
crimes que eventualmente tenha cometido. Não quero aqui entrar no mérito da
acusação / defesa / julgamento desse processo específico.
Mas Lula
só será condenado porque desde que saiu do poder em 2010 acena com a
possibilidade de voltar. Esse é seu pecado. E o real motivo de sua condenação
em segunda instância em tempo recorde.
Minha dúvida é se este pecado é merecedor dessa condenação. Tendo a entender que sim.
Tenho
convicção de que se nossa legislação vedasse a reeleição por mais de uma vez,
assim como a Norte-Americana, e todos estivessem serenos e tranquilos que Lula
seria mais um ex-presidente eterno, ainda que atuasse como cabo eleitoral para
seus partidários e aliados, toda a celeuma em volta do ex-presidente seria bem
menor.
Sem
a chance de Lula voltar, a opinião pública não se ocuparia tanto com seu nome,
os lulistas não ficariam religiosamente a espera do retorno do messias e os
antipetistas não celebrariam tanto em volta da fogueira cada nova denúncia,
reportagem, julgamento.
As
investigações contra Lula não deixariam de ocorrer, mas não haveria a sangria
de ter de torná-lo inelegível antes de outubro de 2018. Talvez ele fosse
condenado em primeira instância mas na segunda instância a coisa iria se
estender como se estende a todos os outros.
A
condução coercitiva e os eventos bizarros que a sucederam como a nomeação de
Lula como ministro e o vazamento de áudios da presidente da República também
não teriam acontecido.
Não
teríamos um impeachment por pedalada fiscal conduzido por um presidente da
Câmara coberto de lama até o pescoço.
Estaríamos
vendo um fim de governo Dilma melancólico, com a economia mais ou menos como
está agora, mas com o PT enfraquecido e o discurso da necessidade da
alternância de poder mais forte do que nunca. Haveria uns 3 candidatos competitivos de oposição ao PT disputando o Palácio do Planalto em 2018.
Mas
a possibilidade da volta de Lula o tornou o alvo permanente de quem se opõe a
suas ideias e um alvo fácil em função do seu telhado de vidro. Por outro lado,
o papel de mártir lhe caiu muito bem e os números incríveis de seu governo (por
sorte, fraude, ou competência - quem quiser discute depois), em comparação com
os de seus sucessores (ainda que uma delas fosse sua pupila), o elevaram a
condição de salvador.
E
tudo isso nos leva ao esdrúxulo quadro de que o líder absoluto das pesquisas de
opinião para eleição presidencial em outubro poderá se tornar inelegível em
janeiro.
Já
culpei Lula por ter assumido essa postura de se colocar à espreita para voltar
ao Planalto. Por que Lula não assumiu a postura de Fernando Henrique, um líder
político respeitado, que vez por outra dá uns pitacos aqui e ali? As
instituições de combate à corrupção, a imprensa, a opinião pública e até mesmo
seus adversários pouco importunam FHC, a despeito de existirem muitas suspeitas
sobre seu patrimônio.
Mas acontece
que FHC deixou o segundo mandato com baixíssima popularidade. Reportagem do
link abaixo diz que 26% acharam seu governo “bom”ou “ótimo”, no final.
http://datafolha.folha.uol.com.br/opiniaopublica/2002/12/1222326-fhc-encerra-mandato-com-reprovacao-maior-do-que-aprovacao.shtml
Segundo
a mesma fonte, Lula encerrou seu segundo mandato com 83% de aprovação de “bom”
ou “ótimo”.
http://datafolha.folha.uol.com.br/opiniaopublica/2010/12/1211078-acima-das-expectativas-lula-encerra-mandato-com-melhor-avaliacao-da-historia.shtml
Certamente
a popularidade de ambos explica a postura diferente. Já que, no auge da
popularidade e diante da impossibilidade de se candidatar novamente, FHC não
foi nada estadista, patrocinando uma mudança na constituição para se manter no
poder. Já Lula não procurou fazer nenhuma alteração na lei para concorrer a um
novo mandato. Saiu quando não podia mais ficar e se colocou à disposição da
volta de acordo com a lei, ironicamente, redigida e comprada no Congresso pelos
seus maiores adversários políticos.
Portanto Lula teria dois caminhos possíveis: se quisesse
voltar à presidência, teria que ter a ficha efetivamente limpa; não poderia ter
o telhado de vidro que tem nem as relações promíscuas que teve.
Ou então, ciente de que pisou na lama, que se mantivesse
quieto, distante das urnas, deixando claro que nunca mais concorreria à
presidência. Talvez estivesse mais tranquilo no seu sítio de origem obscura.
Mas toda escolha é uma renúncia. E quem tudo quer, nada tem.
foto da fonte: https://abrilexame.files.wordpress.com/2017/09/lula-depoimento-moro-12-9.jpg?quality=70&strip=info&w=1000&h=666&crop=1
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